HELOÍSA ALBERTO TORRES
Pioneira das ciências sociais brasileiras
Por William
Mendonça
Nascida no Rio
de Janeiro, em 17 de setembro de 1895, Heloísa Alberto Torres era a terceira
filha do jurista e político Alberto Torres e de Maria José Xavier da Silveira.
Alcançou reconhecimento internacional por seus estudos e trabalho nas áreas de
antropologia e etnografia do Brasil – ocupando os principais cargos, inclusive
o de primeira mulher a se tornar Diretora do Museu Nacional, com uma longa
gestão que marcou profundamente a instituição.
Oriunda, por
parte de pai, de família itaboraiense, Heloísa passou parte da infância em
Petrópolis, então capital fluminense, durante a gestão do pai como governador
do Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi aluna interna do Colégio
Notre-Dame de Sion e adquiriu diversos conhecimentos humanísticos e
linguísticos, tornando-se fluente em inglês e francês. Em uma de suas viagens à
Europa, durante a adolescência, escapou da morte em um naufrágio, ocorrido em
1907, em Lisboa.
Heloísa
Alberto Torres, em 1918, quase um ano após o falecimento do pai, passou a
trabalhar como assistente do antropólogo e etnólogo Edgar Roquette-Pinto.
Heloísa conviveu com alguns dos principais intelectuais brasileiros, desde
muito jovem na casa de seu pai. Essa rotina se repetiu em sua vida acadêmica.
Seu trabalho foi fortemente influenciado pelo próprio Roquette-Pinto e pelo
desbravador Marechal Rondon.
Em sua
carreira, tornou-se efetiva no Museu Nacional através de concurso, em 1925. Foi
professora da Divisão de Antropologia, Etnografia e Arqueologia e membro do
Conselho das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil. Em 1938, foi
nomeada diretora do Museu Nacional por Getúlio Vargas, e permaneceu no cargo
até 1955. Foi, também, professora de antropologia na Universidade do Distrito
Federal e na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayete (atual UERJ), entre
outros.
Independente e
bem preparada, respeitada pelos principais nomes de sua área em todo o mundo à
época, Heloísa Alberto Torres foi uma das pioneiras da luta pelos direitos das
mulheres no Brasil e representante do país em diversas Conferências e Entidades
Culturais no exterior. Seu trabalho sobre a cerâmica marajoara, resultado de
uma expedição científica, é referência até hoje. Formou e orientou uma geração
de antropólogos e etnógrafos e coordenou pesquisas fundamentais para o
entendimento do Brasil.
Após deixar o
Museu Nacional, presidiu o Conselho Nacional de Proteção ao Índio, quando
ajudou a estabelecer uma linha de estudo e preservação da cultura indígena no
país. Ao lado do antropólogo Darcy Ribeiro e dos indigenistas irmãos Villas-Boas,
Heloísa foi uma das responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu, com
mais de 2,5 milhões de hectares, fundamental para a preservação de 16 etnias
indígenas.
Aos 81 anos,
em 23 de fevereiro de 1977, Heloísa Alberto Torres faleceu, vítima de
insuficiência respiratória aguda. Seu corpo foi sepultado no mausoléu da
família, no Cemitério de Porto das Caixas, em Itaboraí. Como era seu desejo em
vida, o sobrado colonial em Itaboraí, que adquiriu com a irmã, Maria Alberto
Torres, em 1963, que restaurou e onde residiu durante os últimos anos, foi
doado ao IPHAN, com todo o seu acervo, e tornou-se o principal centro cultural
da região.
(Texto do
folder HELOÍSA ALBERTO TORRES - Pioneira
das ciências sociais brasileiras, produzido pela CCHAT)
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