MARIA ALBERTO TORRES

 



 



E a memória das famílias itaboraienses

 

Por William Mendonça

Pode parecer, para um observador desavisado, que Maria Alberto Torres, a mais velha dos filhos do jurista e político Alberto Torres, foi ao longo da vida simplesmente a "fiel escudeira" de sua irmã mais famosa, a antropóloga Heloísa Alberto Torres. De fato, as duas trabalharam e moraram juntas, mulheres solteiras e independentes que lutavam por seus objetivos em um tempo de declarado machismo. Porém, seus caminhos no serviço público nem sempre estiveram ligados e Dona Marieta, como era conhecida, teve brilho próprio.

Nascida em Niterói, no dia 19 de agosto de 1892, Maria Alberto Torres era filha do então político em ascensão Alberto Torres, que se tornaria mais tarde governador do Estado do Rio de Janeiro e ministro do STF, e de Maria José Xavier da Silveira, de tradicional família paulista. Teve sua formação iniciada no Colégio Jackson, do Rio de Janeiro, e, posteriormente, quando o pai se mudou para a então capital do estado, Petrópolis, estudou no Colégio Notre-Dame de Sion.

A formação em uma tradicional escola católica influenciou a vida de Marieta, que teve como um de seus eixos principais a fé. Entre as muitas clubes e entidades aos quais se associou, merecem destaque a Associação Cristã de Moços e o Instituto de Cultura Religiosa – SP. Juntamente com a irmã, colecionou itens religiosos, como oratórios e imagens sacras, que integram o acervo da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí.

Entre as diversas funções que exerceu na administração federal, na qual ingressou em 1921 no Serviço de Indústria Pastoril do Ministério da Agricultura, Maria Alberto Torres trabalhou como estatística, bibliotecária e no setor administrativo do Ministério da Educação, e já tinha 20 anos de serviço público quando foi levada por Heloísa para atuar no Museu Nacional, para chefiar a Seção de Administração, em abril de 1941. Acompanhou a irmã quando Heloísa deixou o Museu para assumir a presidência do Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Aposentou-se em 1957.

Campo de estudo nem sempre valorizado, a genealogia (estudo da origem das linhagens familiares) era a grande paixão de Maria Alberto Torres. Ela coletava, com paciência e método, dados de nascimento, batismo, casamento e morte especialmente de famílias itaboraienses e paulistanas, de onde vinham seus pais. Em 1952, Marieta ingressou no Colégio Brasileiro de Genealogia, do qual chegou a ser vice-presidente. Lutou pela conquista de uma sede para o CBG. Também participou do Instituto Genealógico Brasileiro.

Parte importante dos dados coletados por Maria Alberto Torres foi restaurada e digitalizada pelo Arquivo Nacional e encontra-se na Casa de Cultura, em Itaboraí. Dona Marieta tinha grande amor pela cidade de seu pai. Empreendeu junto com Heloísa a criação de um centro cultural que homenagearia da memória de Alberto Torres, adquirindo e reformando um prédio histórico em 1963. Foi uma articuladora incansável junto às famílias de itaboraienses ilustres, recebeu homenagens na cidade, e coube a ela a finalização dos trâmites para a doação do prédio e de seu acervo ao IPHAN.

Em 11 de janeiro de 1985, na Casa de Saúde Alcântara, em São Gonçalo, Maria Alberto Torres faleceu, vítima de complicações do diabetes.

(Texto do folder MARIA ALBERTO TORRES e a memória das famílias itaboraienses, produzido pela CCHAT)


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